“Envelhecer é um privilégio” | Estudo reflete a importância do envelhecimento em Cascais

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Envelhecimento é um tema central e o seu impacto é fundamental nas políticas das cidades urbanas. Este foi o pontapé de saída na abertura do seminário inaugural do projeto “Envelhecer em Cascais” – Como construir um município onde podem todos envelhecer bem? que decorreu no Auditório Maria Jesus Barroso da Casa das Histórias Paula Rego, no passado dia 26 de janeiro. 

O seminário, inserido na Operação Cascais Sénior +* contou com a presença do Presidente da Câmara Municipal de Cascais, Carlos Carreiras; coordenadora do projeto “Envelhecer em Cascais”, Marta Matos; Dr. Alexandre Kalache, ex-diretor do Departamento de Envelhecimento e Curso de Vida da Organização Mundial de Saúde entre outros oradores.

O principal objetivo deste seminário foi o lançamento do estudo “Envelhecimento em Cascais – Estratégia e Plano sobre Envelhecimento: velhice e políticas sociais no concelho de Cascais” com o enfoque na participação dos cidadãos, respostas sociais, decisores, locais de trabalho e cuidadores.  

Em conjunto com a Câmara Municipal de Cascais e com uma equipa de cientistas sociais da DINÂMIA’CET-ISCTE, Marta Matos afirma que o estudo propõe “dar vida aos nossos anos pela frente” e comprovar que o problema identificado não é envelhecer, mas sim nos vários contextos em que se vive. Com base na ideia de que “começamos a envelhecer a partir do momento em que nascemos”, o estudo em Cascais está a realizar uma avaliação multidimensional. Através desta avaliação, será realizado um diagnóstico psicossocial dos percursos de envelhecimento, com base nas experiências vividas e expectativas para o futuro.  

As pessoas que residem em Cascais vão ser chamadas a participar através da realização de grupos focais, entrevistas e estudos de caso. Quando o estudo estiver concluído, Cascais vai dispor de um plano estratégico para orientar as políticas locais na área do envelhecimento.  

*(LISBOA-06-4538-FSE-000023) 

Uma cidade amiga dos idosos é uma cidade amiga de todos 

Alexandre Kalache, o orador principal deste encontro realça “que uma cidade amiga do idoso estimula o envelhecimento ativo ao otimizar as oportunidades de saúde, participação e segurança, visando melhorar a qualidade de vida das pessoas à medida que elas envelhecem”. Quando se melhoram as condições dos Espaços públicos, edificações, sistema de transporte e condições das habitações para as pessoas mais velhas, estas alterações têm impacto para toda a população que passa a usufruir uma envolvência mais adaptada a todas as fases do ciclo de vida. 

Idadismo e isolamento involuntário: fenómenos a combater 

Os oradores destacam o idadismo como um dos principais problemas na forma como encaramos as pessoas mais velhas, sem termos muitas vezes consciência de que se trata de uma forma de discriminação. Mostraram exemplos deste fenómeno como o acesso ao emprego ser mais difícil para pessoas com mais de 50 anos, comentários a figuras públicas sobre o seu aspeto físico relacionados com a idade nas redes sociais ou tratar pessoas mais velhas com uma linguagem infantilizada.  

Outro desafio na intervenção na área do envelhecimento é o combate ao isolamento involuntário: muitas pessoas mais velhas tendem a perder os seus contactos sociais devido às barreiras arquitetónicas, perda de familiares ou porque estão institucionalizadas. O futuro plano estratégico para Cascais irá dar contributos para minimizar o impacto destes fenómenos na vida dos séniores.

7 de Fevereiro de 2022
Irene Carriço