História da Lua

Quando cheguei aqui, falei “uau”. Estou há 6 anos em Portugal e sempre procurei uma loja assim, mas só há 3 anos é que descobri este lugar da AJU aqui em Cascais. Há muitos anos que eu compro roupa em segunda mão porque gosto de dar uma segunda chance às coisas. Se estão boas e vão fora vai ser preciso produzir mais, o que gera lixo e um problema ecológico gigante. Este modelo consumista gasta milhões de milhões de litros de água, de logística, de transportes, e provoca muita poluição. As minhas roupas duram imenso e não tenho necessidade de estar sempre a comprar, é uma cultura nova e diferente, que acho que ainda não chegou muito aqui.

Em São Paulo de onde eu vim, as pessoas jovens, do vintage, compram mais nestas lojas de segunda mão do que nas lojas de roupa nova. Depois fui morar na Alemanha e encontrei a mesma coisa. Há tantos mercados de segunda mão como desses mercados normais. Mas lá é tudo mais organizado, cada dia da semana acontece um num lugar diferente, as pessoas chegam com o seu carro, abrem as portas e vendem as suas coisas.

Eles fazem isso porque têm uma grande consciência ecológica por trás, sofreram a guerra e têm uma grande consciência de preservação das coisas. Nesses mercados vê-se gente de todo o tipo, não é uma coisa estigmatizada de pessoal pobre, não. Há muita gente que se cansou de vestir sempre igual a todos os outros e procura peças diferentes. Eu vinha de São Paulo já nessa cultura, cheguei à Alemanha com isso na cabeça e continuei a comprar assim. Porque é que havia de comprar uma coisa por 20 Euros se posso pagar 2?

Acho que aqui ainda há um estigma, as pessoas associam uma loja solidária a pessoas com problemas sociais e pessoas em situação muito frágil. Quando me dizem “Ai, que casaco bonito” e eu conto que comprei no mercado de segunda mão por 3 Euros a pessoa diz-me “o quê”? “vou usar uma roupa usada”? Mas na Alemanha que é um país muito rico, como eu estava a contar, as pessoas fazem esta escolha. Por quê? Acho que nesta fase pós-covid, que deixou tanta gente vulnerável é o momento do pessoal acordar para essa a realidade e quebrar o paradigma. Visite uma loja, veja a qualidade da roupa. Eu já vi 2 ou 3 lojas mas para mim esta da AJU é a melhor!