Plataforma Envelhecer Melhor reúne-se para fortalecer o envelhecimento ativo em Cascais

No passado dia 12 de dezembro, a Plataforma Envelhecer Melhor realizou mais um encontro, desta vez na ASIA – Associação Social de Idosos da Amoreira. A reunião contou com a presença de dezenas de profissionais e membros ligados à área do envelhecimento, incluindo os novos parceiros Oficina da Compaixão e a Plataforma 55+.

A sessão começou com uma retrospetiva das iniciativas implementadas no âmbito do Plano de Iniciativas de Desenvolvimento Social 2024, orientado para promover o envelhecimento ativo, saudável e inclusivo no concelho de Cascais. Entre os projetos destacados estão:

  • Palco da Vida (2019-2023): Produziu três edições do livro “Memórias que Marcam”, com a participação de 5 entidades e 30 participantes.
  • Cartas com História (2022-2023): Envolveu 164 participantes de 4 espaços séniores e 2 escolas, promovendo o diálogo intergeracional.
  • Plantar Relações: Com foco em questões ambientais, reuniu 92 participantes de 5 espaços séniores e 2 faculdades.
  • Tango Terapia: Na sua segunda edição, já impactou 425 participantes através da dança e da música para promover uma melhoria na qualidade de vida da população sénior.
  • Plataforma AMPLITUDE: Capacita cuidadores formais em técnicas artísticas para cuidados assistenciais. Até 2024, envolvem 22 participantes de 6 entidades.
  • Up Grade Fazer a Diferença (2021-2023): Formação de capacitação de profissionais das instituições parceiras da Plataforma Envelhecer Melhor, com 191 participantes de 20 entidades.

Outras iniciativas, como as Rotas da Participação e as Oficinas de Planeamento, têm fortalecido as parcerias e fomentado uma abordagem estratégica e colaborativa.

O plenário foi também palco da apresentação dos resultados do estudo “Velhice e Políticas Sociais no Concelho de Cascais”, que revelou dados significativos:

  • Em 2021, a população com mais de 65 anos representava 23% da população total de Cascais, prevendo-se que ultrapasse os 30% até 2050.
  • A maioria da população sénior é feminina (58,7%), e 66,6% enfrenta pelo menos uma dificuldade funcional.
  • Cascais apresenta bons indicadores de envelhecimento, mas enfrenta desafios como o isolamento de 11.611 idosos em famílias unipessoais.

Os dados destacam a importância de transformar Cascais numa comunidade amiga do envelhecimento, reforçando condições de saúde, participação e segurança. Tal implica adaptar estruturas e serviços, criando um ambiente acessível a todos. O estudo reforça ainda a necessidade de estratégias que respondam às novas exigências do envelhecimento, identificando prioridades e oportunidades de melhoria.

O estudo identificou também correlações importantes: níveis mais altos de isolamento e solidão estão associados a menor escolaridade, rendimentos baixos, agregados familiares reduzidos e pior estado de saúde.

A população sénior, ouvida no âmbito do estudo, considera essencial melhorar os acessos, reduzir as zonas isoladas e fomentar as redes de vizinhança e os locais de convívio. Realça também a necessidade de se assegurar serviços nas zonas de residência e de promover condições de habitabilidade e acessibilidade nas habitações.

Os munícipes consultados através de entrevistas e inquéritos apontaram como prioridades a habitação (92,5%), a mobilidade e, de forma urgente, os serviços de saúde e apoios comunitários (62%).

Sublinham ainda a importância de melhorar os transportes públicos gratuitos, reforçar as redes de vizinhança e criar condições de habitabilidade acessíveis.

Apesar dos desafios, a percepção sobre o envelhecimento em Cascais é positiva: 75% dos inquiridos acreditam que se pode envelhecer bem no município. Reconhecem-se atributos como sabedoria e afetuosidade nos idosos, embora características como solidão e doença também sejam mencionadas.

O conceito “Ageing in Place”, que defende o envelhecimento no conforto e segurança das próprias casas e comunidades, com independência e qualidade de vida, foi destacado como essencial. Este modelo promove a adaptação das habitações, a proximidade de serviços e bairros acessíveis, reduzindo a necessidade de institucionalização. Isto contribui para um envelhecimento globalmente melhor.

Além disso, foi apresentado o modelo das Cidades e Comunidades Amigas do Envelhecimento, estruturado em cinco eixos:

  1. Habitação, acessibilidade e mobilidade;
  2. Cuidados sociais e de saúde;
  3. Educação, informação e comunicação;
  4. Participação, emprego e formação ao longo da vida;
  5. Governança, transversalidade e produção de conhecimento.

Durante o plenário, os participantes refletiram e propuseram ações em cada eixo, fortalecendo o compromisso com uma estratégia abrangente e inclusiva para Cascais.

21 de Janeiro de 2025
Rita Pereira